quarta-feira, 11 de junho de 2008

Andar de trem é ter história pra contar.

Não faz nem uma semana que eu comecei a me utilizar desse meio de transporte e já parece que passou um mês que eu ando nisso. A começar pelo tempo que eu economizo não pegando trânsito nenhum.

Sempre quis ir da minha casa ao centro voando, e de trem se eu levar uma hora é muito. Levo uns 40 minutos, isso quando o trânsito da minha casa até a estação está ruim. E a lenda de que trem é super-cheio é super-mentira. Ele não é muito mais cheio do que o metrô não, e às vezes consegue ser até mais vazio. Costume de multidão enlatada eu já tenho mesmo... O que eu não tinha de fato era esse costume de velocidade, tanto que ao vir embora tenho de ficar atento, senão vou parar em Japeri. Imagina? Falar nisso tenho que ficar de olho, to aqui sentado no chão e não to vendo em qual estação eu to... Pois é, não tem lugar sentado e aderi à moda “trem”. Pelo menos enquanto eu estiver dentro do vagão.

Esse é o terceiro dia consecutivo que eu pego trem, e em horários diferentes (já que tem dia que vou mais cedo pro curso em Copacabana) e um grupo de evangélicos extremistas fervorosos e que possuem um pandeiro em mãos atazanam o meu silêncio de Cascadura (onde subo) até a Central do Brasil (onde desço). Se não for o mesmo grupo dos outros dias.

Não tenho nada contra outras manifestações religiosas, desde que essa não venha a interferir no meu espaço. Como aconteceu certa vez, quando mandaram missionários até a minha porta. Atendi com a maior boa vontade, fui atencioso e até servi água. Até aí beleza, só que esses mesmos missionários deixaram um livro supostamente para eu ler e eles terem um pretexto de voltar. Daí eu falei pra não deixar porque ler eu não ia. Ignoraram o que eu tava falando e deixaram a pemba do livro. E o pior foi que eles voltaram na semana seguinte justamente na hora da minha novela das 18h, na época Alma Gêmea nos seus últimos capítulos. Penso que independentemente de religião, nós devemos respeitar o direito do próximo de pouco ligar pra certas coisas e deixar, então, cada um no seu quadrado.

Mas o ápice dessa falta de respeito ao espaço do outro não foi, por incrível que pareça, dentro de um vagão lotado, mas sim agora pouco no embarque na Central do Brasil. Ali são 257 plataformas, sendo que em cada uma embarcam uns dois trens, onde esses partem pros mais diferentes lugares do mundo, os quais o nome eu nunca ouvi falar. Eu nunca aprendi a decifrar aquele emaranhado de linhas coloridas, quiçá aquela sopa de letrinhas e suas combinações com números. Saída D-4, plataforma G, pra mim não passa de uma posição homossexual exótica do Kamassutra.

Eu tava perdido e procurando o lugar certo pra entrar-sair-ficar-sentar-ou-até-mesmo-chorar e perguntei pra duas meninas que estavam sentadas no banco. Eu chego todo politeness, cheio de dedos e dos “boa-noite-poderia-me-dar-uma-informação” pra falar com elas e uma das Rihannas me vira e fala: “Não vem você também não, moço. Não enche meu saco”. Sabe quando você fica sem reação e a sua vontade é de mandar ir tomar no cu? Mantive a compostura e perguntei “Oi?”. Aí ela começou a querer bancar de galo pra cima de mim, me “chamanu di ném e os cacete”. Fiz a egípcia e dei de ombros. Aposto que algumas pessoas que estavam perto sentiram vergonha alheia por mim, tanto que me deram a tal informação que eu queria. Agradeci e dei boa noite+beijos e não abaixei o meu nariz.

Essas bizarrices de trem não são só pro lado negativo. Tem coisas que eu rio internamente até morrer (essa de hoje, agora pensando, foi uma dessas). No final de semana eu andei de trem com um amigo (Bernard) e tinha uma criança de 9 anos, no máximo, brincando de Alzira no ferro de apoio do vagão. Morro (morremos) com essas coisas, sabe? E é isso que me dá forças de seguir caminhando e cantando a mesma canção de igreja todos os dias de manhã, pois pelo menos roubado meu vagão não vai ser.

4 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Apesar de não fazer parte da minha rotina, me compadeço de ti por andar de trem, Léo. De fato as únicas vantagens são a rapidez e as histórias pra contar.

Espero que continue 'se divertindo' e chegando pontualmente ao destino final.

Bjus

Anônimo disse...

Eeei!
Pois se quiser uma aula, eis aqui um PhD em Central do Brasil.

5 anos. Diariamente.

E se eu fosse você mandava a Rihana da Linha Férrea ir chupar um canavial de rôla.

Unknown disse...

A Mini-Alzira foi MARA!

/morri