
Texto do meu Portfólio
Auto-reflexão
Não, esse não vai ser meu portfólio falando dele mesmo. Pode ser que seja só uma página a mais pra ele, mas fato é: eu só queria um espaço pra falar sobre tudo e auto explicá-lo. Eu posso até perder uma boa oportunidade de emprego, estágio, seja lá o que for, por causa disso. Ou quem sabe até ganhar! O portfólio afinal de contas é meu – não em tom grosseiro, longe de mim – e não me custa fazer uma reflexão-fim-de-ano-em-família.
Nesses meses de elaboração descobri que ele era meu refúgio. Se eu estava com ódio, escrevia alguma coisa que conceitualizasse algo logo em seguida criava uma campanha nova vendendo outra coisa totalmente sem nenhuma ligação com o tal sentimento, somente o impulso que ele me deu era o que restava. Quando o sentimento então era euforia, alegria, era um prato cheio, a "sensação do momento": "Vou 'postar' essa frase legal no meu portfólio".
Sim, meu portfólio virou um tipo de amante secreto, e eu criando um laço cada vez mais íntimo com ele e ele comigo. Ele foi meu pseudo-psicólogo. Ele ouvia minhas reclamações, minhas dores nas costas devido ao meu precoce problema de coluna conseqüente de uma queda de pescoço de cima de uma cama-elástica em 2006 (o pior é que eu to falando sério e que isso não conte pontos negativos. "Pra que que eu fui falar disso..."). Isso aqui tem me dado um baita trabalho. Graças (?) a ele descobri agora a verdadeira essência desse nome: trabalho, literalmente.
Conceitualizar algo é uma tarefa árdua, complicada. Exige pesquisa, estudo, análise estratégica e síntese tática. Aprendi que vale mais uma loira inteligente do que uma loira sem conteúdo. É só uma questão de gosto, nada pessoal.
Um dia eu me peguei olhando pra tela do monitor, admirando as páginas desse ser denominado "portfólio" e pensei: "podemos mudar algo?". Pra quê que eu fui me perguntar isso? Para melhorar, sempre! Depois disso uma série de eventos em cadeia fez com que essa beldade tivesse formato circular (embora ainda não tenha perdido o entusiasmo de fazer SIM um portfólio circular), tivesse frente e verso, quase fosse encadernado, tivesse capa dura, fosse envernizado, tivesse corte em faca, fosse a Disney, viajasse pra Moscou, França, Roma, pegasse o avião na Groenlândia e chegasse ao Rio de Janeiro nas barcas de Paquetá para a Praça XV. Viagem básica que eu dei com meu "queridão" antes dele sair dessa tela. "Dessa tela" não, porque no momento em que alguém estiver lendo não vai ser mais tela, e sim um pedaço de papel A4, couchet, 180g/m² e em cores. É uma produção simples, até para eu poder adicionar mais páginas depois.
Um dia eu notei que um portfólio inovador, com um corte diferente, com vários "guere-gueres" bonitnhos, conceitualizados (sempre!), saindo dos padrões "arroz-com-feijão" do mercado saturado, é algo que chama a atenção do empregador. Muito bonito na teoria, e concordo em número, gênero e grau (não necessariamente nessa ordem), agora a prática é que pega. Como fazer todo esse malabarismo sem recursos patrocinadores? - aceitando propostas. Pra uma peregrinação porta-a-porta de agência média e grande (não quero as pequenas, sou ambicioso), ajoelhado em milhos secos, pedindo pelo menos uma oportunidadezinha para apresentar meu amicíssimo Portfólio, esta dando pro gasto até demais! Minha estratégia esta sendo inovar em outros quesitos, se eu estou sendo bem sucedido não cabe a mim resolver. E se for o caso de tirar essa página, é só tirar! Aliás, se você, caro leitor, for um desses empregadores, agradeço veementemente ter chegado até aqui, já que está muito perto do final e a sua paciência ainda não tenha se esgotado.
Não sou um diretor de arte metido a redator, Deus me livre três vezes! Mentira, eu tenho uma quedinha pela redação publicitária. Mas é uma quedinha mesmo, comparada ao Grand Canyon que eu tenho por direção de arte.
Antes de mais nada, uma coisa que eu quero deixar claro é a cor do meu portfólio. A cor base é azul, as variações de cores das outras páginas se devem apenas pela adaptação ao estilo da campanha, marca ou seja lá o que for da página. O layout dele faz menção aos cardápios de lanchonetes dos anos 60, época do auge da lei de beber milk shake sábado à tarde. A tipologia é devida a grande simpatia pela fonte Tw Cen MT.
Mais uma vez obrigado, seja lá quem estiver lendo, e deixa pra uma próxima querido empregador, caso não me contrate.
Sim, acabou a balela. Mas o portfólio continuará crescendo.