domingo, 22 de abril de 2007

Penso, logo amo.

Eu estava em uma corda bamba hoje, no meio de um dilema que eu não queria que coubesse a mim resolver. Parecia que eu até podia ver aviões fazendo piruetas na minha cabeça, veja só! A solução parecia meio óbvia: seguir a razão. Mas pra variar ela ia de idéia contrária a do meu coração. A razão não tem coração, do mesmo modo que o coração não tem razão. Nunca tem.

A fórmula para a resolução foi simples. Viajar. Literalmente.

Segui viagem, vim lembrando de coisas agradáveis, ri sozinho, igual a uma criança feliz, comendo meu Kinder Ovo (não comia havia onze anos, juro), vendo os prédios chiques e imaginando onde eu irei trabalhar, onde irei morar. Viajando...

Eu e minha cabeça, apesar de tudo, somos bons companheiros. Nessa linha de raciocínio me peguei pensando. Pensando no fato de amar de paixão os meus amigos, os amigos mesmo, mas que o principal é eu me bastar por mim mesmo, a velha filosofia do bastar-por-si-só. Não desprezando a companhia e a existência deles, de ninguém. Muito longe de mim. Mas eu sou eu, não tenho como fugir de mim. O principal sou eu ser meu amigo, eu estar bem comigo, logo, eu estarei bem com o mundo, bem com todos. Bem com meus amigos.

Nascemos sozinhos e estamos sozinhos nessa. Amigos vêm, amigos se vão, permanecem o tempo necessário pra serem eternos, mas seremos sempre seres individuais. Por isso não creio em uma alma gêmea. Creio em seres semelhantes em pensamentos, idéias e atitudes. Meus amigos são minhas almas gêmeas em potencial.

Posso ter parecido individualista, egocêntrico e até mesmo egoísta. Porém, não fui pelo fato de o amar-ao-próximo depender intimamente do amar-eu-mesmo. Amar sem amar a si é algo inviável, improvável, quase impossível.

Amo a mim, amo meus amigos. Amo, apesar de tudo.